– Por Juliana Castanheira, diretora da Arteiras Comunicação –
Às vezes, a vida parece um videogame. Quando você pensa que conquistou o cogumelo mágico que te faz crescer, leva a rasteira de um monstrinho. Quando aparece um Yoshi para te dar aquela moral, ele vai embora com a mesma facilidade que veio. E quando você se ilude com aquele atalho, começa uma fase ainda mais desafiadora.
Eu estava lá, achando que ia zerar o jogo. Completei, neste junho, 15 anos de casa. Entrei na Arteiras Comunicação como estagiária, virei atendimento, coordenei equipe, saí, voltei, e há cerca de três anos me tornei sócia da empresa. Foram dezenas de clientes de diferentes segmentos, inúmeras press trips e gente da melhor qualidade entrando e saindo do time.
Planejávamos confiantes a comemoração dos 25 anos de empresa, remodelamos nosso escritório para ficar mais descolado, jovial, com a linguagem dos novos tempos. Repaginamos nossa apresentação, mostrando ao mercado que nossa gama de serviços e produtos vai muito além da tradicional assessoria de imprensa.
Olhamos, também, para dentro. Passamos por uma longa consultoria de Recursos Humanos para nos adequarmos aos novos formatos de colaboração. Alinhávamos nosso time, com muitos colaboradores espalhados Brasil afora, prontos para o chamamento de um projeto.
Desta imersão, nascia um estudo cauteloso para o modelo de equipe mista, parte presencial, parte remota, tendo o escritório como base. E o resto todo mundo já sabe. É piada pronta. No final das contas, quem conseguiu transformar sua empresa em digital? A área de TI, os gestores? Não, foi o coronavírus mesmo…
De uma hora para outra, pela segurança de nosso time, nos vimos – nós e boa parte do mundo – 100% remotos, aprendendo um dia de cada vez como planejar demandas, alinhar expectativas, embalar entregas. Tudo isso sem aquele papo descontraído no café, sem as efusivas reuniões de planejamento presenciais e sem a pipoquinha das reuniões de pauta. Tudo isso sem a cadeira ideal, o melhor computador, a conexão mais potente. Tudo isso (pausa dramática) sem as crianças na escola.
O novo normal (estou pegando ranço deste termo) é um desafio pessoal e profissional para todos nós. E bota desafio nisso para as lideranças. Estamos no momento debruçados em criar processos, entender as ferramentas, monitorar entregas, sem perder de vista a necessidade de interação, as aspirações do time, as demandas emocionais que nos tornam humanos e uma equipe.
Literalmente, entramos pelo cano sem saber bem o que nos espera e sem a estrelinha da imunidade. Mas, o ímpeto de desbravar segue lá, vencendo um obstáculo de cada vez, com a perseverança daquele encanador bigodudo que marcou nossa fase teen. Boa sorte para todos nós e que venha o chefão!